Andarilho de ruas solitárias a procura de um horizonte perdido (2002)
1- Manoel Fernandes de Aguiar Filho (em memória)
2- E mesmo quando tudo se passa
3- Embaixo das suas coisas
4- Metamorfose do amor
5- Só mais uma.... mas para você
6- Me note aqui
7- Um poeta que chora
8- Súplica e obsessão
9- Obsessão amor
10- Crônica de um pensante
11- Não me deixe triste
12- O rei leão
13- Porque choram
14- Rio
15- Um novo dia
16- Povo
17- Sei lá porque não te chamei
18- Enquanto todos dormem
19- Quem sou eu
20- Premonição
21- Minha cor
22- Almejo
23- Mar de rosas
24- Para quê?
25- Devaneios
26- Perecendo
27- Fruta proibida
28- Não ame
29- Eu te odeio
30- Vagante
31- Manoel Fernandes de Aguiar Filho
32- Qualquer poeta
33- Oah!
34- Imaturo
35- Toda rosa
36- Suando a pirar por horas
37- Reveillon

1- MANOEL FERNANDES DE AGUIAR FILHO (EM MEMÓRIA)
Você viu? Morreu!
Coitado! Até que era um cara legal.
Sei lá, nunca falei muito com ele.
Sei que escrevia, falava um pouco de inglês, vivia cantarolando por aí.
Sinceramente, era um cara feio... é sério! Ta rindo do quê?
Nunca dei muita confiança, parecia louco.
O cara era detestável, não sei, mas sua morte parece até um bem-feito.
Se voltasse à vida, imploraria a repetição do ato agora consumado.
Calou-se a boca de mais um retardado.
Era um carinha de óculos, bobo, sempre disse ser de opinião, mas fazia o que qualquer trouxa quisesse.
Sempre querendo falar, meu deus! Era quieto, mas quando falava...
Putz! Que cara inútil! Não sei bem, mas sua morte é engraçada e boa para todos.
Quem se importaria? Tantos em túmulos e lembrariam dum idiota qualquer com seu nome numa lápide? Ah não!
Eu não estou nem aí, a vida continua e um estúpido enterrado é sempre de benefício para a comunidade.
Família? Ah... Não me lembro de ter visto muitos no velório.
Eu fiquei olhando de longe tudo acontecer, as pessoas choravam, mas não pareciam-me genuínas, enfim, um cara como aquele... Quem deixaria seus afazeres para velar um otário?
Chega de falar desse cara que me dá náusea.
Que Deus o tenha ou que o Diabo lhe carregue.
14/05/2002
2- E MESMO QUANDO TUDO SE PASSA
E mesmo quando tudo se passa, quando tudo se foi, restam memórias, porém, grifam as perdas, destacam as angústias e apagam o sorriso.
Em nostalgia perdi o brilho de viver, nem mais aquela estrela, aquela luz, ou o pássaro a jubilar são capazes de fazer-me feliz.
E aonde estão aqueles que deixei ir?
Quem são os que ficaram?
A solidão é tão profunda, sina de vida.
Eu não sei quem vem por mim, nem por quem vou.
Sou eu por mim mesmo.
No fim do dia percebo que meu recinto é vazio, que o vento é companheiro e o silêncio é uma bela canção.
No fim da vida vi a última luz que brilhou, mas se intimida a resplandecer. No fim de tudo sou eu aqui, esse papel, memórias de um solitário.
3- EMBAIXO DAS SUAS COISAS
Embaixo das suas coisas, há memórias já esquecidas seladas em lágrimas ácidas e salgadas.
Embaixo das suas coisas, é vida falecida, uma lembrança que não marcou pegadas.
Embaixo das suas coisas, se foi um suspiro, escutou-se o lamento de um apaixonado.
Embaixo das suas coisas, uma marca de tiro, um perfume que piro, que me faz amado.
Embaixo das suas coisas, uma canção, que de tanto júbilo no vento se perdeu.
Embaixo das suas coisas, só um coração, que te abriga, para que acima de suas coisas, seja eu.
4-METAMORFOSE DO AMOR (INTERLÚDIO)
Tornei-me apaixonado pela forma de amor que tanto me opunha.
E se meus poemas agora falam de amor é porque descobri tal sentimento.
E não me critique e deixem que eu cresça para a conquista de novas emoções.
20/06/2002
5-SÓ MAIS UMA... MAS PARA VOCÊ
E por que deveria eu me preocupar com as razões?
Por que me limito a você?
Você chega a ser natural, apenas essencial.
Sei lá, parece que não haveria outro lugar para estar.
Viver no seu mundo é deleitar o paraíso.
Experimentar o sabor da sua boca é lambuzar-me de aveia e mel.
Em seus suspiros ouvi o rouxinol.
No seu olhar notei a estrela maior que brilha lá em cima.
Mesmo que fosse nada, ainda teria você.
Mesmo se as estrelas caíssem ou os céus desabassem, eu estaria seguro, pois és abrigo, morada, resguardas meu eu, pois é um pouco seu também.
Não sei, mas, pareço delirar de só tocar-te, mas quando você me toca...
E só de encostar-te é o êxtase e sentir-te é apenas estar perto para olhar-te, observar-te, ver-te respirar, ver-te viver para sustentar minha vida.
És obsessão, és sina da minha vida, és dor quando ignoras, és cura quando sorris, és vida que me mantêm.
Não chore, pois não quero derramar lágrimas alheias.
Não sofra, pois não quero quebrar meu coração.
Sorria, pois quero sentir-me bem.
Viva, pois quero estar vivo também.
E mesmo que essa seja só mais uma poesia de amor... ela é para você.
6-ME NOTE AQUI
Esses dias estava a pensar e pensei em mim.
Cheguei a lembrar que um dia fui feliz.
Amar de graça, essa sempre foi minha sina:
“Se importar mesmo sem ser notado”
Cheguei a lembrar que eu corria, mas sem objetivo, era instinto de criança, instinto de gente feliz.
Cheguei a me lembrar dos amigos, que eram, que não mais são.
Cheguei a pensar que tudo era para sempre.
Agora me pego a idiota, a um perdido, que ainda sorri, mas chora, que derrama lágrimas que nunca derramarão por ele.
Agora me pego a idiota, sentado num canto, num frio vento.
Me pego a observar, a ajudar quem nunca me ajudará, a prantear por quem nunca se importará comigo.
Quando se vive só você e você, descobre-se que a solidão é triste.
E quem virá por mim?
Mas... só por mim?
Me note aqui.
Eu estou aqui.
26/05/2002
7-UM POETA QUE CHORA
Eu supliquei, implorei, mas é lágrima teimosa.
É lágrima que rola, sem vestígios, sem cerimônias.
Não há mistérios, ela queima o chão.
É ácida, é sangue de minhas veias.
Não avisadas, esperadas.
São súbitas, marcantes.
Foi quando chorei pela primeira vez... de verdade.
Sabe, daquele jeito que aperta o coração.
É aquele choro, que você jaz ao chão, desliza em paredes.
É quando você ri do sofrimento, confunde as lágrimas de alegria.
É quando todos se foram.
É quando o oceano cobre a Terra e o vento ecoa nas árvores.
É quando os que se calam parecem ser superlativamente expressivos. É quando eu choro, quando as lágrimas retornam e fazem de mim quem sou, esse... que chora.... que escreve...
8-SÚPLICA E OBSESSÃO (INTERLÚDIO)
Serei em súplica ao teu amor.
E se te querer só para mim é obsessão de um egoísta serei orgulhoso em tal egocentrismo.
19/06/2002
9-OBSESSÃO AMOR
Eu sempre te sigo aonde quer que vá.
Sempre me ajoelho aos seus pés e pergunto quem tenho que ser.
Sacrifico meu eu para torná-lo mais seu.
Esqueço de lembrar de mim para não esquecer de te lembrar.
Sou tão seu que mal me conheço.
Seu sorriso muda meu dia, suas palavras mudam meu mundo.
Mas não me ignore, apenas me olhe, só por olhar.
Se realmente te amo não sei, mas sofro de uma obsessão, de uma loucura que me mata.
Se é você quem me enlouquece, me sinto feliz e agradecido por isso, por sua existência.
10-CRÔNICA DE UM PENSANTE (CRÍTICO AMADOR)
A sociedade se comporta de uma maneira pré-determinada. É interessante citar a vida de um adolescente. Não querendo dizer que sou velho suficiente para julgá-los, apesar de eu ser velho desde criança.
Não entendo muito do sexo feminino, porém creio no seu potencial, as mulheres com certeza são mais inteligentes que os homens. O homem é só a força bruta.
É mais ou menos um comercial que eu vi em que a mulher domina o lar na parte profissional mas precisa do homem para abrir a latinha de patê.
Não é humilhar os homens, afinal sou um deles, o fato não é que o homem é instintivamente regressivo, e sim que ele faz questão da sua regressão. O idiota que soca porque olharam para ele de cara feia quer ser o dono do mundo na sua respectiva classe, homem.
É aquela história de que mulher é o vaso mais fraco, mas eu admiraria um homem sangrar todo mês, dar a luz a um filho e se submeter à uma raça que no máximo se garante por muita massa muscular, isso quando a tem.
O homem é tão ser - humano quanto uma mulher, por isso não é digno dessa soberania, não mais do que lhe foi concedida pelo próprio Deus.
As mulheres, na maioria das vezes, agem como se aceitassem essa idéia de submissão “na boa”.
Reclamam que são xingadas de cachorras, mas é um pulo para colocar a mão no joelho e dar uma agachadinha. Daqui a pouco, para uma mulher fazer um currículo vai ser exigido a foto 3x4 do bumbum. O problema é que eu não sei se essa idéia é sugestão delas mesmas ou conseqüência do domínio do incapacitado HOMEM.
11-NÃO ME DEIXE TRISTE
Não me deixe triste, não me deixe triste.
Só me dê a mão e vamos dar um passeio nessa manhã de chuva.
Sujar-te, sujar-me de lama.
Rir a toa, ser feliz, cego, surdo e mudo por amor.
Não me deixe triste, não me deixe triste.
Seja companhia em dia, noite, penumbra, madrugada.
Aqueço-te, aqueça-me na neblina da noite.
Não me deixe triste, não me deixe triste.
Seja por mim e entrego-me a ti.
E faço do meu seu para que meu eu se misture com o teu seu.
Alegro-te, alegra-me, desvia pesares, dores e despista lágrimas.
Não me deixe triste, não me deixe triste.
Coloque a cabeça em meu peito, suspiros em seu ouvido.
Palavras e gritos libertos de desejos ocultos.
Fantasias de um louco que se pega insano por amor.
Te quero rebelde, te quero mocinha, te quero você, te amo você.
Você não é um pronome e sim um adjetivo em grau superlativo.
Não me deixe triste, não me deixe triste.
Esta é a súplica que te faço, pois te quero feliz, te quero bem, não me deixe triste.
11/06/2002
12-O REI LEÃO
Nem o onipotente leão é majestade.
Solitário a vaguear tornou-se vagante de savana.
E se ruge, é trapaça, pois chora, e suas presas fogem não porque o temem mas porque o penam.
Seus dentes são máscaras de bravura, pois ele é só.
E se muito lhe for dado sorte, acabará atrás de grades ou em morte vai jazer na savana que sempre o abrigou.
18/06/2002
13-POR QUE CHORAM (INTERLÚDIO)
Agora sei por que choram.
Por que são genuínos.
Não riem na falsidade.
Pois a própria felicidade é mera ilusão de otimistas.
14-RIO
Rio revolto, de correnteza à bonança.
Os homens de ti bebem e em ti cospem.
Em ti nadam, em ti jogam o impuro.
E tu, que sempre foras rio, também és água que me leva.
Em sorte talvez serei como ti, que corre sem olhar para trás.
E olhar para trás, para quê?
Em meu azar e solidão nem peixes abrigo comigo, eles sempre me abandonam quando despenco em cachoeira.
Mas a determinação do que vive é vencer.
E apesar de infortunado, de tudo, serei em perspectiva a desaguar no vasto mar.
28/06/2002
15-UM NOVO DIA
Quando o sol se levantar novamente será um novo dia, a bela aurora.
Não haverá pesares, nem lágrimas.
Serei feliz gratuitamente, sorrirei sem falsidades.
Amarei de graça, darei a mão a quem quiser apoio.
Serei por aqueles que às vezes não são por mim.
E antes do entardecer e da noite de densas trevas, serei grato pelo dia na esperança da alvorada.
08/07/2002
16-POVO
Aqueles que estão lá em cima não estão nem aí.
Preocupados se vão cair, mentem. O blefe lhes dá votos. E aprendem a ter mais do que ser autoridades.
O povo é inocente, assim como Eva são enganados pela serpente.
E o cara que te dá um quilo de feijão, te suplica um voto com joelhos ao chão, e sua investida será bem sucedida, todos caem, porque todos querem comer, então votam para o cara vencer sem saber que logo em fome vão perecer.
O sujeito que promete o fura-fila se esquece que lá no nordeste o pessoal anda muito mais do que uma milha... por ÁGUA, e você aí na fila, esperando sua vez, sem lembrar-se da escassez que assola o alheio que espera o alimento que nunca veio, nunca virá, pois será sempre o pobre que observa quieto o próspero nobre.
Se você colocar a mão no seu bolso, vai ver que falta dinheiro, o sistema te deu o tiro certeiro, te pegou na parte mais sensível, o financeiro.
Seu cartão tá estourado, você tá quebrado, seu filho coitado! Tá desesperado, quer comida no prato. Aonde está o trato? Aquele que você fez com o cara que te deu o quilo de feijão? Ele está bem, você aí com o c* na mão, e além de tudo tem que manter a aparência, aparecer perante a sociedade com falta de transparência, e tem gente que apesar de tudo, faz um esforço para ter um carro, em casa todos os copos são de barro, esqueceu-se que na vida não se estrepa pelas coisas, se empenha, cai na real e enxergue que seu fogão é à lenha.
Todo mundo sabe quem é o culpado, é o safado, Meu! O pessoal é “tapado” e coloca o cara no poder, protesta para ele vencer, lutam até morrer, nunca vão entender que os magnatas nunca vão querer ter o dever de fazer algo por você.
Criaram uma ilusão de liberdade, pura superficialidade, te tiraram a dignidade, aonde está sua identidade? É aquela que te identifica como pobre, inferior? Seu superior acha que o que ele demonstra é amor quando ele joga um pão no chão e te chantagia uma porcaria de salário no fim do mês?
Quem você acha que por ti vai ter misericórdia? Não finja a bondade que no fundo também impera em ti a discórdia, haha, essa coisa é música monocórdia.
Talvez o que você ganha seja uma multiplicação idiota de dez, na verdade, no fim do mês você nem calça os pés.
Se você vai vencer ou perder, não se trata de decisão, é ter uma boa visão, não moralista, sim realista, se você fantasia e crê que tudo nesse sistema vai se resolver, se importando com o que vão dizer, saiba que nesse sistema a tendência nunca foi enriquecer, em luta se pode sobreviver, ser forte e parar de temer. Não refuta, ande sem tentar crescer, em morte será sepultado, e lá realmente você vai prevalecer, porque será passado, e chorar o que se passou é efeito retardado, vai morrer mal amado, o pobre, de canto, de lado.
13/07/2002
17-SEI LÁ PORQUE NÃO TE CHAMEI
Sei lá porque não te chamei quando meu coração estava partido.
Mas o coração é brinquedo, é cego.
Eu morreria, guiaria meus sentimentos.
Mas o coração muda as coisas.
Sei lá porque eu não te chamei quando algo acontecia, quando a solidão desenhava no horizonte.
Desde que eu te veja...
Desde que seja deixada ao meu lado...
Se apenas como um pardal eu voasse, jogaria meu coração lá de cima só para multiplicá-lo em partes.
Mas o coração é maluco, se apega e é tão ciumento!
Sei lá porque eu não te chamei quando sabia que o seu também era meu.
E quando eu me vi, notei que meu coração pranteava e jazia, perecia.
Eu atravessei o oceano só para te provar meu amor.
Mas o coração é carente.
Sei lá porque eu não te chamei já que te chamar não explica um por que que ninguém sabe.
18/07/2002
18-ENQUANTO TODOS DORMEM
Enquanto todos dormem, eu penso se tudo valeu a pena.
Será que tudo está certo?
Talvez lutar por uma vida mais amena.
Ou chorar no ombro de quem estiver mais perto.
Enquanto todos dormem, olho a vida passar pela janela.
A cidade dorme, mas os carros iluminam a visão.
É difícil saber se essa lágrima é minha, dele ou dela.
Se é conseqüência de amizade, amor ou paixão.
Enquanto todos dormem, contemplo suas faces contentes.
Que sonhem com os anjos!
Mesmo que nada expressem, que sejam indiferentes.
Que sonhem com os anjos!
Enquanto todos dormem, nada e ninguém faz-me esquecer quem me tornei.
Um homem que nasce tão tímido.
Pobre homem rebelde, talvez perecerei.
É inevitável o já dito, mesmo se eu tivesse fingido.
E o que eu tenho para dizer é que acabou aquele sonho a mentira do semblante risonho.
E o que eu tenho para dizer é que todos acordem com sorte, que não adormeçam na morte.
Mas se continuarem dormindo, que sonhem com os anjos!
Que sonhem com os anjos!
31/07/2002
19-QUEM SOU EU
Minha cabeça é culpada.
Minha mente é culpada por quem sou.
E sempre que eu penso que eu sou o pior é assim que vão me taxar.
E sempre que me acho feio, a tal vão me associar.
Por que será que eu não paro de olhar a sociedade de baixo para cima?
Minha paranóia é conseqüência de sentimento de inferioridade.
De agora em diante vou sentar num lugar mais elevado.
Vou rir das pessoas, na verdade, as pessoas sempre me divertiram, é que eu nunca tirei sarro delas.
Quem me dera de poeta a cronista!
Encarar as pessoas com menos importância.
Cara! Eu ponho a vida no papel e me acho um merda?
Eu choro, rio, sou desenhado ou escrito numa folha de papel.
Não vou ser mais quem tenho sido, porque eu sou o espelho da humanidade e, como disse uma pessoa a qual gosto muito, eu vou dissertar as coisas como são, pois um espelho não julga o feio ou o belo, ele apenas reflete.
05/08/2002
20-PREMONIÇÃO
Hoje foi um dia quente
Estarei tarde em casa
Tarde da noite
Companheira de minha solidão
Nada mais me preocupa
Nem mesmo o amanhã
Nem as pessoas que ele traz que enjoaram quem sou.
Estou cansado de fingir
Fingir de gostar, fingir ser gostado.
E por que será que toda vez que penso estar em pé, lá jaz meu eu ao chão?
E fico a acreditar que essas lágrimas um dia me salvarão, mas de gota em gota sei que me afogarão.
E de quem tanto gosto me faz sofrer
E me faz ser assim, só por mim, não por alguém.
Por que cobro o que me é negado?
Sabe, eu vou sair por aí sozinho.
Andar na chuva
Gostar mais de mim
Entoar uma triste canção que faz meus olhos gotejarem.
Serei feliz na dor
Porque amanhã será apenas mais um amanhã.
Do jeito de sempre
Porém, estarei tarde em casa, tarde da noite.
12/08/2002
21-MINHA COR
Não sou amarelo nem vermelho
Não sou branco nem negro
Sou ser humano
22-ALMEJO
Eu não sei o que sinto no peito, mas... quero tanto!
É aqui que quero ficar, permanecer, aonde deito.
Se me faz sorrir, me traz ao pranto...
Desconheço o porquê do meu agora dinâmico vigor
Sei que sua energia divina pega fundo meu ser
De resumo diria que é amor
Me faz suar, pirar, viver, perecer.
Mas é fogo que arde, que acende um desejo de querer entregar mais que possuir, de deleitar o atrito de pele, tanto almejo! de percorrer o caminho que você quiser seguir.
Me faça ser seu, e ser-te mais que eu
E diga-me o que falta em mim
Vou até o fundo do mar buscar o que se perdeu
Apenas para satisfazer-me com sua aprovação, seu sim.
Não me faça perder-te de vista
Não agora que acho que descobri o amor
Me bata, me jogue na parede, no chão, na pista.
Me faça criança, adulto, seu Senhor.
Abuse-me como quiser,
Mas faça de mim sua propriedade.
Deixe-me seguir-te quando for, quando vier.
Apenas faça de mim sua identidade.
16/09/2002
A vida é um mar de rosas, de espinhos venenosos, pétalas murchas e mesmo se regadas, acabarão secas, pois como tudo que há, são submetidas à morte.
20/06/2002
24-PARA QUÊ?
Para que lutar e tentar ser querido?
Para que fingir sua existência se ninguém a percebe?
Para que fazer babaquices quando já se é um idiota?
Para que viver só você e você, é a única pessoa que você conhece?
Para que sofrer de amor se seu amor não sofre por você?
Para que tornar-se alto quando seus pensamentos e ambições voam tão baixo?
Para que tentar curtir a vida se ela acaba?
Para que gostar de alguém quando todos riem de você?
Para que inventar mentiras se sua verdade já é medíocre o suficiente?
Para que notar os andarilhos se nem a multidão te nota?
Para que morrer se sua vida tem um estado tão semelhante?
Para que guiar se você sempre deixa-se ser guiado?
Para que pegar outro caminho se todas as ruas não têm saída?
Para que ter, viver, ser ou morrer se as desgraças sucumbem e consomem sua alma?
15/10/2002
25-DEVANEIOS (INTERLÚDIO)
Em meus devaneios de obsessão esqueci que o amor é um sentimento mútuo.
Ele simplesmente não existe sem reciprocidade.
07/07/2002
Fatiguei-me de fazer dos meus pensamentos uma antologia
Uma coleção de algo que não vivemos
Se sonhos ou realidade, porém, mera ideologia.
Em busca de um buraco, onde caímos e morremos.
Esbanjo meus sentimentos com vulgaridade tamanha
Que tal brutalidade ultrapasse sua animosidade
Entenda seu desprezo, que me impede qual montanha.
Não me trate como mais uma unidade.
Eu choro, me ajoelho e imploro sua atenção.
Peço-te um olhar, uma razão.
Faço de ti uma imagem, objeto de canonização.
Talvez nada plausível, que seja impossível, mas me dê seu coração.
27-FRUTA PROIBIDA
Não venha com intenções
Porém, afaste-me de mentiras.
Sei todas suas pretensões.
Suas flechas, e todas suas miras.
Quem gostaria de te ajudar?
Quem te quer completamente?
Deleitar ter-te para te pegar
E saber o que você tem de diferente
Cansei de esperar seu olhar
Receber-te de braços abertos
E fico... a esperar, esperar.
Sem te procurar nos lugares certos
Me faz parecer substituível
Que me quer por opção
Te portas como impossível
Me seduz qual Eva, eu... Adão.
Por que me traz ao pranto quando te quero tão bem?
Se ao menos me causasse espanto ou me levasse longe, um pouco mais além.
Fugindo sempre quando te quero perto
Levando tudo que quero proteger
Toque-me até fazer-me esperto.
Seja por mim, faça-me te merecer.
Meu íntimo arde em chamas que queimam em pura excitação
És rainha das mais belas damas
Exaustando-me à explosão.
Te privo a ser minha propriedade
Recolhendo-te para esconder
Obsessão na mais pura normalidade
Perecendo em desejo até morrer
Apenas converta-me seu
Proteja-me de mim
Enquanto devoro tudo o que é teu
Não me negue, apenas diga sim.
Êxtase de um mortal perecendo em desejos da carne.
Controlando seu corpo do pecado
Perdendo o senso a esquartejar-me
Fervendo encandescentemente, mas sempre ao seu lado.
21/10/2002
28-NÃO AME (INTERLÚDIO)
Não ame, sofra, pois que diabo há de diferença nisso?
20/06/2002
29-EU TE ODEIO
Eu te odeio
Eu te detesto de tal maneira que chego a te amar
Eu te odeio tanto que não consigo te ver com mais ninguém
Eu te odeio
Eu quero cuspir na sua cara
Eu quero praguejar-te até que você se auto destrua
Eu te desprezo tanto que vivo te procurando
Eu quero tanto que você morra que preservo sua vida só para ter certeza da minha
Eu te acho tão idiota que vivo fazendo idiotices para chamar sua atenção
Eu quero tanto que você se vá que até agora estou puxando-te pelos braços
Eu quero que você se dane
Eu quero ver você chorar por mim o mesmo rio que criei para você
Eu quero que você me olhe na mesma medida que sigo teus passos
Eu morro, mas quero-te comigo na morte.
Eu te odeio tanto que te amo, de um jeito que me faz chorar, que me faz sofrer, de te querer e não te ter.
11/11/2002
30-VAGANTE
Hoje eu senti frio
A rua estava tão escura!
O vento que levou as folhas secas do outono, levou tudo aquilo que eu tanto zelava.
E tudo que prezo está perdido
E por que me deixaram?
Por que me deixaram ir?
E nem foram atrás de mim
Mas... Eu sempre fui atrás deles
Pedra maldita que se aloja em meu peito
Tão cruel! Tão pesada!
É mais do que posso carregar
É um fardo imensurável
Eu sempre fiz tudo para todos e todos nunca fizeram algo por mim.
E eu vivo por aí, nas ruas solitárias, procurando um alguém, alguém para conversar,
Alguém para me fazer sorrir, alguém que goste de mim.
Mas é tão difícil quando lobos se vestem de cordeiros!
É tão difícil ter alguém que sempre esteja lá por você.
Eu sempre estou lá, esperando, jaz meu eu na rua escura, sentindo frio, permitindo que o vento leve o pouco que me resta.
11/11/2002
31-MANOEL FERNANDES DE AGUIAR FILHO (BEM VIVO)
Olha só quem vem aí! É o Manoel!
Vem todo cheio de pose, olhando todos de cima para baixo.
Se tão somente fosse um trator ainda deixaria migalhas por onde passasse, mas agora ele não deixa pegadas, sua passagem é marcante, porém, não pede recordações.
E todos aqueles que o humilharam ou o fizeram humilhar-se vão comer pó ou lamber a saliva atirada em suas faces.
Ele não é mais aquele idiota que deixa levar-se e que acredita em qualquer um.
Agora, ele não está nem aí para ninguém e, contradizendo a si mesmo, quer que todo mundo se dane.
Retirou a falsidade e a mediocridade que fazia com que todos acreditassem que ele é um cara legal.
Continua sendo o cara feio, de óculos e magro, porém, sonha alto, e derruba o primeiro palhaço que apareça na frente, independente de quem seja, que o diabo o seja! Não se importa.
O poeta voltou das trevas em busca de vingança, querendo matar sua velha personalidade. Voltou para ser sozinho, voltou para voar sem precisar que ninguém lhe dê asas, voltou para ser feliz sem a ajuda de ninguém, voltou para deleitar a solidão e rir de quem dizia gostar dele, voltou para matar aquela vagabunda que amou e muitos outros em que acreditou serem de confiança.
É um novo cidadão, um novo sujeito que de sua ínfima posição levantou-se em glória como destaque.
No céu serei a estrela que mais brilhar, no mar serei a maior onda a se formar, na terra serei o vulcão a transbordar, agora serei alguém, serei notado dentre a multidão.
Esquecerei quem fui e de todos que me fizeram ser quem sou, porque agora sou eu mesmo, sou minha própria referência, agora gosto de mim, me amo e que tudo se acabe e eu permaneça orgulhoso, firme, em pé.
12/11/2002
32-QUELQUER POETA
Um poeta, que corre linhas a escrever versos muito loucos.
Tal sua meta, refletir a vida de todos para o entendimento de poucos.
Longe daqui terei mais tempo, pra pensar em quem devo ser.
Se amo, odeio, construo ou arrebento, as vivências farão com que eu possa crescer.
Agora a me concentrar em quão bom sou, ao me ver fazer da vida letras.
Quem de meus versos riu ou chorou, se de cordeiro a lobo em sua envoltura preta.
Pelo menos, viram o bom e o ruim, que ninguém é bom o suficiente para julgar.
Que se contentem com o não e o sim, sabendo que a negação pode matar.
E que se dane a mediocridade alheia, que com sucesso me faz vomitar.
Qual covarde é você, que urina enquanto receiarevelar seu íntimo para não apanhar.
E quem é muito loko de acreditar nos outros?
Grande palácio em terreno de areia!
E falam dos outros para mim, de mim para os outros...
No Natal, um presente dentro duma meia.
Dizem que a vida não é assim, que sou louco e nada disso acontece.
Dizem que sempre começo pelo fim, num pessimismo que me merece.
E de verso em verso, conto uma história, no intuito de fazer-te pensar.
Rindo de mim, da minha vida, totalmente simplória, buscando em ti algo para você raciocinar.
Talvez eu seja leigo, que não sabe o que está falando.
Talvez feroz de um ponto de vista meigo, correndo para a luz... e buscando.
E mesmo se eu fosse preto ou branco
Oscilasse de plebe à realeza
Quando desliga ou pega no tranco
Em minha feiúra na ilusão da beleza
Serei para sempre eu, um escritor, que em suas histórias amacia ou espeta.
Aventurando-se entre a dor e o amor.
Se cronista, escritor, porém para sempre... poeta.
29/11/2002
33-OAH! EU!
Hoje eu falei que ia me amar, que ia me adorar, me venerar, me endeusar, me canonizar, sucumbir-me de mim mesmo.
E para sempre me querer e sorrir para mim mesmo, num ato de reverência à minha pessoa.
Que eu me ame!
E que não me amem!
13/12/2002
34-IMATURO
Criança quando apaixonado
Submisso quando apaixonado
Pensei ser adulto em minha infância
Que o amor só me causava ânsia
E dono de mim não sou
Martirizando-me com o que já passou
Pois choro por ciúmes
... E pensávamos ser imunes!
Em minha decadência disse até me amar
Num prelúdio de ódio menti me endeusar
Mas sou criança que chora por amor
Qual aflição causando-me tanta dor
E disse que voltei mais forte
Própria referência qual estrela do norte
E sou tão imaturo
Gravemente puro
Peço um pouco de experiência para fugir de tamanha inocência
Saber viver para mim
Alegrar-me com o não ou o sim
Viver sem pensar na minha paixão
Controlando meu descompensado coração
Eu preciso dar um tempo
De tudo, para mim, um tempo
Para pensar em tentar crescer
Em imaturidade vou desvanecer
15/12/2002
35-TODA ROSA (INTERLÚDIO)
Toda rosa é um mero encanto
Toda luz do sol é um ponto luminoso na imensa escuridão
Todo o mar é uma gota de uma lágrima
Todo o universo é um simples símbolo de poder
Pois nada encontrei que fosse compatível a você
22/07/2002
Me toque, me faça pirar, pirar, pirar.
Me deseje, me faça suar, suar, suar
Estou em ti, por horas, horas e horas.
Me seduza, agora, agora, agora.
Te persigo, a correr, correr, correr.
Brinco de pegar, pra te ter, te ter, te ter.
Dispa-se, me faça te merecer, merecer, merecer.
Conduza-me ao êxtase, do puro prazer, prazer, prazer.
Alegre-me causando ondas, de amor, amor, amor.
Sigamos a nos divertir, até com a dor, a dor, a dor.
Relaxe em meu peito, a me morder, morder, morder.
Diga que me bate, mas que é sem querer, sem querer, sem querer.
Ponha-me em tuas linhas e rédeas, nas suas ordens e regras.
17/12/2002
37-REVEILLON
E o que tenho feito de minha vida?
Quem tenho sido por pretextos de personalidade?
Sempre querendo mostrar um rosto carismático qual palhaço que oculta sua dor para fazer com que riam dele.
Em meio a esses fogos sinto tudo que não fiz ir passando no desejo de que poderei fazê-los no ano que vem.
Em meio a garrafas quebrando coloco curativos em meu coração já há muito quebrado.
Em meio a explosões e bêbados sinto-me embriagado de visão turva ao enxergar as coisas tortas que esse ano trouxe.
E que ironia dizer que Deus escreve certo por linhas tortas! Eis que suas linhas são corretas se caminharmos em suas veredas.
Em meio a esse clima de recomeço, desperto-me à uma época.
Ajoelhando-me num pedido de que eu mude.
Sem pedir que o destino me trace novos caminhos, mas para que me dê poderes de traçá-los perfeitos.
Tiro minhas máscaras e serei um novo alguém. E mesmo se não me amarem haverá alguém que me amará por mim.
Agradeço por estar vivo e enxugar as lágrimas, me levantar e respirar fundo para guiar-me por novos horizontes.
Entre 31/12/2002 e 01/01/2003
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